11 fevereiro, 2016

Dicas para os contadores de histórias


Dicas para os contadores de histórias

Contar histórias é arte e, naturalmente, as pessoas têm esse talento mais ou menos apurado, conforme suas próprias habilidades e, também, conforme se pratica a arte, de maneira que é perfeitamente possível qualquer um aprender a ser um bom contador de estórias. E, como contribuição de nossa parte, expomos aqui algumas dicas, confiantes de que elas poderão ser bastante úteis para os interessados:
  • Adequar as histórias aos ouvintes: é essencial que o enredo esteja no nível de interesse e no alcance de compreensão daquele que ouve. Tem histórias, por exemplo, mais atrativas para meninos e outras mais para as meninas. A questão da idade também é muito importante: para os menores, contos mais simples e ornados com onomatopeia — ou seja, a reprodução de sons naturais — para que elas melhor associem palavras às coisas representadas (tique-taque, zzzzz, mumm…); para os mais sabidinhos, um enredo melhor trabalhado e vocabulário mais rico.
  • Progressão: embora se deva ter esse cuidado de adequação das histórias em acordo com o nível dos ouvintes, é válido também evoluir um pouquinho e arriscar enredos maiores, sobretudo quando já houver certa frequência. Uma boa técnica para essa progressão é a de pegar uma aventura já contada recentemente e incrementá-la com novos personagens e situações.
  • Não subestimar as crianças: se bem não convém forçar muito, não há por que subestimarmos as crianças. Elas têm uma capacidade incrível de aprendizado e estão totalmente abertas às mais inusitadas criações. Não há nelas bloqueios lógicos ou qualquer rejeição racional a situações fantásticas. E, inclusive, elas adoram viajar na imaginação. E são dessas viagens imaginárias que elas desenvolvem intelecto e criatividade, porque elas se permitem conectar uma coisa com outras coisas, que os adultos racionais naturalmente bloqueiam.
  • Contos, estórias e histórias: contos são histórias curtas, ideias para os ouvintes novatos. Quando uma história é fictícia, rica em fantasia e, portanto, irreal, como os contos de fadas e folclóricos, chamamos de estórias, porque não fazem parte da nossa História real.
  • Fantasias e traumas: há quem diga que as estórias muito extraordinárias, com seus personagens fictícios, sejam um tanto prejudiciais ao desenvolvimento intelectual das crianças, exatamente por serem coisas irreais. Eu penso, porém, que isso seja natural no universo infantil e, portanto, nada prejudicial. O que de fato pode gerar traumas e conflitos de realidade são controvérsias no campo ético-moral. Por exemplo, se numa estória, o protagonista faz uma coisa errada (mente, rouba e mata etc.) e, se ao final do drama, esse ato fica sem consequência, ou mesmo se esse ato for considerado como normal, aceitável e correto, então a criança mais tarde ficará confusa quando se deparar com uma repreensão por um ato semelhante a aquele, uma vez que ela associa o que certo e errado de acordo com os atos dos heróis e vilões das histórias.
  • Interpretação: as histórias ficam mais interessantes e instrutivas conforme ela é interpretada. As crianças captam menos as palavras em si do que as expressões do narrador. O tom da voz, o ritmo da narração, os gestos manuais e as fisionomias ajudam a dar significância ao enredo. Então, use bem esses recursos, por exemplo, dando um tipo vocal para cada personagem.
  • Para fazer dormir ou não: normalmente, bebês e criancinhas rapidamente pegam no sono tão logo a narração começa. Mas quando mais crescidinhas e habituadas a ouvir estórias, elas ficam espertas que é uma beleza. Ou seja, contos e histórias não são necessariamente soníferos. Em todo o caso, mesmo para as crianças maiores, que esperam atenciosas o desfecho do enredo, ao final, elas "aceitam" dormir numa boa, aproveitando esse meio-tempo, até caírem no sono, para reviver e refletir sobre a narração. E dormirão muito bem, certamente. No caso daqueles que dormiram antes de ouvirem o desfecho, eu penso ser conveniente, na próxima sessão, a mesma estória ser retomada, do ponto em que parou, depois de uma breve recapitulação.
  • Interação: é bastante enriquecedor de vez em quando, durante a narração, o contador de história explorar a imaginação dos ouvintes com indagações a respeito do que elas estão achando da estória e sobre o que poderá acontecer.
  • Troca de papeis: quando seus ouvintes estiverem bem frequentes, uma excelente experimentação é oferecer a oportunidade para eles assumirem o papel de narrador, quem sabe, por exemplo, recontando uma aventura que já lhes foi narrada. Porém, é muito importante que haja incentivo, para deixá-los bem à vontade. Normalmente, bons ouvintes se tornam bons narradores. Contudo, não havendo disposição da parte da criança, que jamais haja constrangimento. Você pode dizer algo do tipo "Hoje ainda não? Tudo bem. Quem sabe outro dia você queira…", sem mostrar desapontamento.
Você tem alguma outra dica? Então a compartilhe conosco!



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